sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A pior semana do ano foi essa

Remorso materializado
em forma de vômito.
Nada como ser colocada
no lugar do outro.
Sentir
Pés e mãos dormentes.
Frio, calor
Muito frio, muito calor
Dormia?
O torpor do desespero
Criaturas (in)existentes
Morte, morte, morte ou
“você vai ficar bem”
Vou?
Ser vítima é um recurso
de sobrevivência.
Parou de funcionar.
A falta de ar voltou.
Os olhos secaram
depois de tantas lágrimas.
E doem.
Mas elas sempre voltam.
Nunca Vai Parar
Nunca uma placa de carro
e uma imaginação fértil
combinaram tanto.
Viver
Dói tanto
Ser uma decepção
Sempre digo: quero morrer
quando dá errado.
Morrer.
Fico imaginando.



Pegadinha

Era pra ter me acostumado?
Cada vez fica mais
Sofisticado

O destino rindo
na minha cara:

Cara Cléo,
Não se iluda
Sua vida será
uma série de pegadinhas sem fim
com requintes de crueldade
Até que você
pare de esperar
que ela seja 




terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Modus operandi

Escolha:
ruminar para todo o sempre
ou agir de uma vez só

Alternar as possibilidades
randomicamente
até ficar exausta e
Continuar
pelo tempo que a insônia
permitir

Auto flagelação mental
é meu modus operandi
Desde sempre.



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Corte

49 dias com ele
173 dias sem ele
Pensando nele
Obsessivamente
Querendo que fosse o inverso

Palavras cortam
Os pulsos
A garganta
O coração
Palavras jorram
Raiva, amor e desejos

Que não convergem
Que não se entendem

Quanto tempo será necessário
Para parar de doer
Para eu parar de querer
Que seja o inverso

Quanto tempo será necessário
Para tudo acabar
De uma vez
E para sempre

Quantos centímetros as palavras
Terão que cortar
Para eu parar?

(27jan15)



Eclipse

Hoje me despedi de Maíra.
Foi viver sua vida de gatinha
de um jeito tão diferente
do que sonhei pra ela.

Ganhou o nome da sua menina
que nunca conheci
e de quem nunca me despedi
Mas imagino como seja.
Doce, como a outra.

A vida tem mais despedidas
do que queremos
e às vezes até mais
do que suportamos

Mas o dia e a noite,
veja só,
são também despedidas.
Todos os dias são uma despedida
E também um reencontro

Já nos despedimos tantas vezes
em algumas foi até para sempre
mas voltamos sempre para
o mesmo ponto

Um reencontro que nunca é pleno
Que nunca continua
Que sempre termina
em mais uma despedida



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Oferenda

Salve Iemanjá, Rainha das Águas, minha protetora

Hoje amanheceu um lindo dia de sol em Brasília. Que o Lago Paranoá leve a você essas minhas palavras, escritas de azul em um barquinho de papel branco.
Quando o barquinho tocar a água do Lago as palavras e o papel começarão a se dissolver.
É isso que peço a você: que dissolva meus problemas na água da vida.
Que nenhum problema, sentimento ruim ou pensamento ruim consiga se fixar. Que eles fluam em direção ao desapego e à aceitação.
Que a água lave meu corpo, minha mente, alma e espírito de todo o mal que me causaram e que eu me causei, para que assim eu esteja limpa e pronta para os caminhos de felicidade, amor, compaixão e sabedoria que se abrirão para mim, e que eu trilharei com confiança, serenidade, generosidade e gratidão.

Gratidão por tudo.

Cléo